Desafio-te! Sim, desafio-te a ti...que sempre me colocaste à
prova, que sempre 'zombaste' do meu frágil domínio, da minha parca garra em me
afirmar!
Eu que sou previsível, desafio-te! Eu que sou insolente,
desafio-te! Eu, e somente eu, que me estilhaço em mil bocados impregnados de
imprudência, desafio-te e encaro-te, cobarde!
Tu, ingrata e altiva, desdenhas-me! Tu, que nunca foste
justa nem fiel, apunhalas-me! Tu, que me enfeitiçaste com negro manto do gélido
plutão, e me seduziste com o seu magnetismo, tornaste-me um poço de negação
infinita.
Que queres afinal?
Estilhaços meus??
Sou feita deles, pertencem-me! São 'Eu' e eu 'Eles', a minha
essência, as minhas peças, os meus átomos que, afinal, nunca se tocam - repelam-se!
E de nada importa, porque são meus e deles faço o que a minha alma reflectir. O
espelho não engana... os olhos, marejados de sal, assim o provam.
A ti, enfrenta-me e surpreende-me...